quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A farsa midiática (Artigo de Salvador Fernandes)

O governo patético-midiático de Roseana Sarney Murad avança a passos largos. Repetem a fanfarrice de sempre. Agora, como se fosse o último lance do carteado, os trunfos incluem a tentativa frustrada e pueril de evitar, pela violência física, o lançamento de um livro que critica o bufo oligarca José Sarney.

O Maranhão dos índices negativos é substituído por um enganoso reino de prosperidade. Dizem, sem meias palavras, serem conquistas do grupo Sarney ou em nome dele. Causa náuseas a cantilena virtual das dezenas de milhares de empregos chegando, dos hospitais regionais em construção, a segurança revigorada, o meio ambiente protegido, os vivas para todos os paladares. Ironicamente é a volta ao trabalho liderada por alguém com apego laboral duvidoso.

Na política, a romaria dos oportunistas mudou de rumo. Muitos já trocaram de Nau. Outros aguardam os gentis e inescapáveis acenos sedutores que, inexoravelmente, virão. Claro, à custa de algum dividendo originário da burra pública – e que burra. As trocas promíscuas de siglas partidárias campearam nos últimos dois meses. A falácia daqueles que juram não estarem praticando uma heresia programática evidencia o arcaísmo de nosso sistema político. O mais grave e insólito: para aqueles que não se renderem à jogatina eleitoral que se aproxima, são quase inexistentes as chances de sucesso nas urnas.

Todos aqueles que os enfrentam recebem a pecha de traidores do Maranhão. Nada pode fugir ao controle político de seus comandantes, seja em que Poder for. As eleições de 2010 são uma sentença de vida ou morte. Se forem derrotados, é o fim de décadas de privilégios.

Por isto, agarram-se ao governo Lula como a única peia política capaz de segurar o cambaleante presidente do Senado Federal José Sarney. Querem também utilizar a popularidade lulista como instrumento eleitoral, em troca de um transitório apoio à candidatura de Dilma Roussef, inclusive buscando amordaçar o PT do Maranhão com uma coligação eleitoral nunca antes efetivada. Se, no meio do trajeto, a candidatura presidencial não vingar, certamente voarão com desenvoltura para o ninho dos tucanos. Já mudaram de lado incontáveis vezes.

Na oposição maranhense, nada definido. As discussões das questões programáticas dão lugar ao exclusivismo das articulações de candidaturas personalistas. E mais, os principais atores do jogo sucessório estadual secundarizam o cenário nacional de disputa presidencial e os necessários movimentos de construção da unidade, com uma ou duas candidaturas ao governo do Estado. Enquanto isso, o artificial recrudescimento político-eleitoral do grupo Sarney está em curso.


Salvador Fernandes
Economista
Servidor Público Federal
Ex-Presidente Estadual do PT/MA

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